NOVA MORADA

A partir de hoje, todas as fotografias serão "postadas" no Cravo de Abril

Foto: Jantar 120 anos do 1º de Maio - PCP, Lisboa, Maio '10

tronos...

Foto: Ourém, Janeiro de 2010

aflições

Foto: Ervidel, Baixo-Alentejo, Out. 2009

Foto: Jardim do Torel, Lisboa, Maio '10

Foto: Feira da Ladra, Lisboa, Março '10

árduos futuros

foto: plenário de trabalhadores, Sindicato dos Mineiros, Aljustrel (aquando o encerramento da mina)

Foto: Aliados, Porto, 1º Maio '10

Foto: Ervidel, Apanha da Azeitona, 2009

Foto: Aula Magna (89º aniversário do PCP) - Lisboa, Março '10

Os putos, os putos

Foto: Bica, Lisboa, Abril '10

Foto: Rua da Prata, Lisboa, Março '10

nasce, cresce, reproduz-se e morre.

foto: Ladoeiro, Beira Baixa, Abril 2010

fomes

foto: Ladoeiro, Beira baixa, Abril de 2010

Foto: Parque Ed. VII, Lisboa, Março '10

suco do sonho

foto: Abadia, Estremadura, Abril de 2009

cornos no destino

foto: Ladoeiro, Beira Baixa, Abril 2010

e tu?

foto: Ladoeiro, Beira Baixa, Abril 2010

ternuras

foto: Ladoeiro, Beira Baixa, Abril 2010

Foto: Gulbenkian, Lisboa, Março '10

"Porque a alma humana é um abismo"

Foto: Igreja dos mártires, Lisboa, Março '10

humanismos

foto: Ladoeiro, Beira Baixa, Abril 2010

Foto: Belém, Lisboa, Março '10

Seja eu a criança, o mais pequeno

Quando eu morrer, filhinho,

Seja eu a criança, o mais pequeno.

Pega-me tu ao colo

E leva-me para dentro da tua casa.

Despe o meu ser cansado e humano

E deita-me na tua cama.

E conta-me histórias, caso eu acorde,

Para eu tornar a adormecer.

E dá-me sonhos teus para eu brincar

Até que nasça qualquer dia

Que tu sabes qual é.

Alberto Caeiro - O guardador de rebanhos, poema viii (excerto)

foto: Chiado, Lisboa, Março '10

Um dia a gente muda o destino dos pobres..

Numa mesa pediram cachaça. Houve um movimento de copos no balcão. Um velho então disse:
- Ninguém pode mudar o destino. É coisa feita lá em cima – apontava o céu.
Mas João de Adão falou de outra mesa:
Um dia a gente muda o destino dos pobres...
Pedro Bala levantou a cabeça, Professor ouviu sorridente. Mas João Grande e Boa-Vida pareciam apoiar as palavras do velho, que repetiu:
- Ninguém pode mudar, não. Está escrito lá em cima.
- Um dia a gente muda... – Disse Pedro Bala, e todos olharam para o menino.

Jorge Amado - Capitães da Areia (excerto)

Foto: Manifestação 26 de Março, Lisboa

futuro

foto: Aljustrel 2009

Foto: S. Bento, Lisboa, Março '10

sangue do meu sangue

Foto: Ervidel 2009

Foto: Praça da Figueira, Lisboa, Março '10

primavera

foto: Aljustrel, 09

Foto: Gulbenkian, Lisboa, Março '10

Lisboa I

Lisboa com seu nome de ser e de não-ser

Com seus meandros de espanto insónia e lata

E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro

Seu conivente sorrir de intriga e máscara

Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata

Lisboa oscilando como uma grande barca

Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência

Digo o nome da cidade

- Digo para ver

Sophia de Mello Breyner Andresen -Lisboa (excerto)

Foto: Lisboa, Março '10

infâncias

foto: Aljustrel '09

família

Foto: aniversário da avó. 09

É Terça-Feira

"E na Feira da Ladra nos vingamos

dum pouco desse tempo que morreu.

Em cada botão velho que compramos

há sempre uma corja de amos

que em Abril, Abril venceu.

Agora não compramos velharias,

tudo passado é lastro do futuro.

Nascemos para o sol todos os dias,

na nossa Feira da Ladra

já não há ladrões no escuro."

Ary dos Santos - Nova Feira da Ladra (excerto)

Foto: Feira da Ladra, Lisboa, Março '10

ao deus do pão

Foto: Aljustrel 09

À beira de água

Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração
magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
tão feito de privação.) Estou onde
sempre estive: à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.

Eugénio de Andrade



Foto: Graça, Lisboa, Março '10