quinta-feira, 1 de abril de 2010

Seja eu a criança, o mais pequeno


Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Alberto Caeiro - O guardador de rebanhos, poema viii (excerto)

foto: Chiado, Lisboa, Março '10

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